Quando você se exercita, o organismo como um todo deve se adaptar a toda esta nova exigência. Frente a esta situação, ocorrem mudanças nos sistemas locomotor, respiratório, circulatório, nervoso e no metabolismo energético de um modo geral. Esta é uma característica de sobrevivência garantida pelos milhões de anos de evolução a que fomos submetidos. Os que se adaptam melhor, obviamente terão maiores chances de sobreviver. É o processo de seleção natural.
Especificamente na musculação, as maiores mudanças são: morfológicas (aumento do volume muscular), neurológicas (incremento da força e da capacidade funcional) e metabólicas (otimização da capacidade bioenergética). Tais mudanças se constituem como as características mais marcantes do treinamento resistido. Entretanto, ainda assim as mudanças são lentas e difíceis de acontecerr. Sabe por quê? Graças a um detalhe bem pequeno e que faz uma enorme diferença: GENÉTICA. Por mais que você consiga expressivas mudanças em sua constituição corporal, ganhos em força, hipertrofia de massa muscular e perda de gordura corporal, existe algo chamado expressão gênica - algo que determina todas as características físicas de um ser humano, desde a cor dos olhos até o formato dos dedos dos pés! Isso todos nós já temos conhecimento, como também sabemos que TUDO o que você ganhou com a musculação tende a ser efêmero e de fácil perda. Porém, afortunadamente, existe um mecanismo denominado "memória muscular", que nada mais é que um espécie de adaptação facilitada à certos estímulos. Funciona assim: quanto mais tempo você treinou em sua vida, mais tempo levará para perder a aptidão alcançada. É uma forma de adequação que funciona como um mecanismo de defesa. Significa dizer que, mesmo que sempre tenhamos que continuar oferecendo estímulos para continuar crescendo ou até mesmo para simplesmente manter o volume muscular atual, se interrompermos estes estímulos por alguma razão, recuperaremos nossa aptidão muito mais rapidamente do que alguém que nunca treinou antes.
Em relação ao estímulo oferecido pelos treinos de musculação, uma verdade incontestável é aquela que nos diz que, quanto maior este seja, maior será a resposta. Esta é a essência básica do principio de sobrecarga progressiva, que se traduz como uma continua necessidade de aumento da sobrecarga a fim de se obter melhoras na aptidão. Esse principio reza que é fundamental que sempre se aumente a amplitude de esforço para que sejam produzidas adaptações. Evidentemente, assim como o exemplo da pigmentação da melanina, o treinamento entra em cena como agente promotor de estresse. Não é o treinamento em si que produz mudanças, e sim as respostas ao treinamento. Por esta razão é importante atentar a recuperação entre as sessões de treinamento. Nesse momento é que aconteceram os efeitos benefícios decorrentes do treinamento.
As agressões induzidas no treinamento geram mudanças na estrutura das células musculares. O principal mecanismo de compensação na estrutura muscular se dá quando as miofibrilas musculares são regeneradas do dano produzido pelo treinamento. Na periferia das fibras musculares estão monócitos denominados de células-satélites, cuja função é regenerar a fibra muscular danificada. Estas células se agregam à estrutura da célula muscular, produzindo novos núcleos no sarcoplasma, induzindo desta forma, um aumento do domínio mionuclear, ou seja, ocorre aumento da quantidade de núcleos na célula, bem como sua localização – os núcleos gerados pelas C.S. são mais centrais, enquanto os núcleos originais situam-se próximos ao sarcolema (membrana). Com o decorrer do tempo, graças a mudanças de expressão gênica, este mecanismo se torna mais fácil. Há uma aumento não da quantidade de proteínas teciduais como também dos constutuintes energéticos. Embora a célula perca volume no período de destreinameno, os núcleos adicionais permanecem inalterados. Ao conjunto destes fenômenos, é dado o nome de “memória muscular”, pois refere-se a capacidade da estrutura muscular em adaptar-se a demanda do treinamento. Funciona como um mecanismo “aprendido” e portanto, mais fácil de ser repetido. Isto explica o rápido ganho de massa muscular de um individuo que treinou durante anos, parou por um período e voltou a treinar comparado a outro que nunca treinou antes.
É importante mencionar que, de uma forma ou de outra, os ganhos avindos do treinamento nunca serão permanentes, mas tendem a se tornar mais consistentes e mais duradouros conforme o tempo total de treinamento. O organismo sempre gerenciará os processos metabólicos a fim de se manter em equilíbrio. A esse mecanismo damos o nome de homeostase. Em outras palavras, por mais duro que você treine, deverá continuar se exercitando para manter o que já conquistou. Se pretende chegar à um nível mais alto do que se encontra, deverá – como descreve o princípio da sobrecarga – aumentar ainda mais a exigência nos treinamentos, a fim de amplificar o estímulo. De qualquer maneira, por mais desanimadora que pareça a idéia de que precisaremos treinar duro por tempo indeterminado, temos a grata certeza de que – graças a memória muscular – quanto mais treinamos, mas somos capazes de manter nossos ganhos!
Para aqueles que entendem o prazer e a satisfação que um treino intenso produz, fica o recado: Sempre há um ponto mais alto a ser alcançado! Lembre-se: – Não existe a palavra “FIM”!
1 comentários:
muito bom o artigo
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