Certa vez – e isto me deixou um tanto preocupado – vi um folder no qual estava escrito que o treinamento funcional proporcionava várias mudanças corporais. Até aí, tudo bem. O problema é que no tal impresso, a pretensão foi mais longe – a despeito do que se escuta de entusiastas e praticantes de TF. “Melhora da coordenação, equilíbrio, postura, propriocepção, flexibilidade etc.” Nada mais justo. TF proporciona grandes melhoras nesse aspecto. O problema maior estava em outras aptidões relacionadas ao TF, como aumento de massa muscular, definição muscular e perda de gordura. Por favor! Sabemos da especificidade deste tipo de treinamento. Não é possível agora que, apenas com o treinamento funcional consigamos todas estas mudanças na composição corporal! Temos perfeita ciência da dificuldade de induzir mudanças na constituição corporal treinando musculação por meses a fio, com alta intensidade, sofrendo com os rigores de uma dieta restrita! E ainda assim sabemos o quão difícil é promover resultados!
Voltemos a questão da especificidade. Cada método de treinamento tem suas indicações. TF cumpre muito bem as necessidade a que se propôe, como por exemplo, trabalhar a questão da consciência corporal e equilíbrio necessárias a muitas modalidades esportivas; também possui eficácia comprovada quanto a recuperação (ou prevenção) de lesões devido a sua maior abrangência nas cadeias articulares. Entretanto, há aptidões que – e isso é a essência da especificidade – somente são conseguidas com a velha e tradicional musculação. “Mas eu adquiri muita força e aumento do tônus muscular com o Funcional” – não deixa de ser verdade! Ocorre que estes ganhos seriam superlativos com a musculação! O mesmo vale para o caráter funcional da nossa velha e boa musculação: Por acaso a musculação não trabalha a consciência corporal? E a funcionalidade? Quem já executou um agachamento a fundo ou realizou um avanço walking com uma barra nas costas sabe exatamente do que estou falando. Não seriam estes exercícios (e muitos outros) promotores de melhoras na funcionalidade? CLARO QUE SIM! A diferença está na especifidade! A analogia se encaixa perfeitamente! É tudo questão de relatividade!
Infelizmente, alguns profissionais, adeptos e entusiastas de TF acabam por lançar críticas à musculação por entenderem que seu método é a panacéia que irá resolver todos os problemas relacionados ao sedentarismo. Até parece se tratar de uma “guerra” declarada, onde uma modalidade não possa coexisir pacificamente com a outra. Nesta perspectiva, pintam a musculaçãp como “ultrapassada, monótona, repetitiva etc”. Interessante ressaltar que, mesmo “ultrapassada”, a musculação ainda é a modalidade de base mais praticada para preparação física dos demais esportes.
Mas este tipo de situação não é novidade alguma. O mesmo aconteceu com outras modalidades que chegaram às raias do modismo, como o Pilates, Spinning, Ginástica Natural e muitos outros. As pessoas se deixam levar pela falácia exagerada e acabam tendo uma visão distorcida da realidade. Todas estas alternativas de atividade física são extremamente benéficas, mas cada uma dentro de suas propostas e limitações. Todas podem – e deveriam – coexistir pacificamente. Um bom exemplo disto é a adoção de técnicas de CORE na sala de musculação, utilizando aparelhos tradicionais! Esta é a abordagem que todos os Profissionais de atividade Física devem ter. Trabalhar de acordo com a especificidade de cada um, afinal não é o príncipio-mor da Atividade Física o respeito pela individualidade biológica?
Portanto, quando resolver praticar uma atividade física, pese quais os benefícios e (ou) mudanças que você objetiva em seu corpo. Lembre-se que nenhum método será completo. Para algumas pessoas, o TF pode ser uma excelente opção, para outras somente a musculação atenderá as perspectivas, ao passo que em alguns casos, existirão muitas outras possibilidades. Estabeleça quais são suas verdadeiras metas e objetivos. Se possível, pesquise sobre os benefícios advindos de cada modalidade. Procure aquela que mais atenda às suas necessidades.
Lembre-se: espeficidade é a palavra-chave neste aspecto! Escolha sua modalidade conscientemente, isto fará com que sua atividade se torne prazerosa e agradável, proporcionando desta forma, resultaods rápidos e sem sacrifícios. Pondere acerca das mudanças que você deseja para seu físico. Deseja mais massa muscular e ganhos em força? Opte pela musculação. Deseja mais consciência corporal e coordenação motora? Tente o TF. Faça você mesmo suas escolhas, mas quando o fizer, por favor, não o faça por modismos!
Mais uma vez, a história se repete. Sempre que surge uma nova idéia ou conceito, todas as outras vertentes que outrora foram consagradas parecem perder sua importância. Isto se deve ao fato de que o ser humano não suporta repetição – sempre almeja algo novo, diferente… Isto não é de todo mal. É fundamental sempre buscar novidades, promover inovações e reinventar as cosas. E até a si mesmo. Com a atividade física não poderia deixar de ser diferente. A todo momento, são criados atrativos para conquistar o público aficcionado, como parte de uma estratégia bem elaborada de se arregimentar novos adeptos.
Uma destas novidades – não tão nova assim – é o chamado Treinamento Funcional. Este tipo de modalidade tornou-se bastante popular por sua proposta criativa e inovadora: trabalhar as aptidões físicas de forma mais equilibrada e completa, buscando assim uma maior integração dos sistemas musculares e articulares. Esta é, de fato, uma proposta bastante interessante, e por sinal, preenche uma lacuna em termos de treinamento especifico. Sim, você ouviu bem! Este tipo de treinamento exerce grande influência na capacidade funcional e obviamente motora do indivíduo, mas não deixa de ser um método especifico de treinamento. O que isto significa? Ora, isto quer dizer que o Treinamento Funcional, embora bastante benéfico para a funcionalidade, não abrange todas as aptidões físicas que, usualmente, os adeptos desta prática propõem.
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